
E continuo, segundo a milenar lenda: “O cachimbo manterá todos juntos. Olhem para o bojo. Sua pedra representa o búfalo, mas também a carne e o sangue do homem de pele vermelha, que veio para este solo descendo das estrelas longínquas. O búfalo representa o universo e as quatro direções porque ele se apoia nas quatro patas, para as quatro eras da criação. O Grande Espírito colocou o búfalo à oeste para reter as águas. Todo ano ele perde um fio de pelo e, em cada uma das eras, ele perde uma perna. O ciclo sagrado chegará ao fim quando todo o pelo e as pernas do grande búfalo tiverem ido e a água voltar a cobrir toda a terra. Assim era antes de as estrelas colidirem. Assim tornará a ser”.
Lembro aos leitores que os sumérios, na epopeia Enuma Elich, falam da colisão de uma lua com um grande planeta aquático que ficava entre Marte e Vênus. Obviamente era impossível aos nativos norte-americanos, sem domínio da astronomia ou de outra ciência, saberem que as águas tudo cobriam no início do planeta. Voltando à lenda, continuou a mulher: “A haste representa tudo o que cresce na Terra. As 12 penas, a águia manchada, o pássaro sagrado que é o mensageiro do Grande Espírito. Vocês estão se unindo a todas as coisas do universo, pois todos clamam pelo Grande Espírito. Quando vocês viverem em harmonia com ele, sua chama de amor será vivida sempre por aqueles ventos espirituais. Vocês serão tomados de amor pela própria razão da vida. Acenderão o fogo do amor em todos os que encontrarem. Conhecerão o propósito de sua travessia por este mundo e saberão que o Grande Espírito deu uma chama da vida a todos. Não para guardarem sua pequenina chama somente para si, amando apenas aquilo que é necessário às suas vidas, mas para distribuírem esse amor para a Terra”.
A mulher se afastou do povo que a cercava e uma forte luz apareceu no céu. Uma nave alienígena? O povo recuou assustado. “Nada temam. Nenhum mal iremos lhes fazer. Quando o terceiro búfalo branco nascer, este ciclo de sangue findará e um ciclo de fraternidade envolverá ao mundo”. Ela se ergueu em um faixo da luz e dentro dele desapareceu, nunca mais sendo vista, como em um caso típico de retorno ao seu veículo espacial. A bonança retornou e o povo foi alimentado e cuidado outra vez. O fogo sagrado nunca se apagou de suas mentes e corações, até que os invasores chegaram e tomaram a vida e o conhecimento daquele povo. Mas os lakota usam a cerimônia do cachimbo sagrado até os dias atuais, repassando-a a todos os xamãs de sua etnia.

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