
Não precisamos de qualquer esforço para conectar a lenda dos Lakota à Ufologia, pois é inegável que ela contém diversos pontos de convergência com fatos ufológicos e com mensagens recebidas por diversos contatados e abduzidos em todo o mundo. Mas, mesmo aceitando a narrativa como sendo um contato extraterrestre, isso não explica como, em uma mesma época, todo um corpo de conhecimento se espalhou pelo planeta. Talvez a ciência possa nos auxiliar a entender. A teoria dos campos morfogenéticos do biólogo inglês Rupert Sheldrake diz que, pelo princípio da ressonância, cada espécie tem a tendência de harmonizar a vibração de seus átomos. Assim, os campos mórficos são estruturas sem limite de espaço e tempo, que acabam por moldar a forma de comportamento inconsciente de uma espécie, seja ela qual for, agindo tal qual age o campo magnético sobre partículas de ferro em torno de um ímã. Contudo, os campos morfogenéticos não são formados ou mantidos por emissões de energia, como o ímã — seu combustível é a informação.
Sheldrake, doutorado em biologia pela Universidade de Cambridge, não se deixou inquietar pelas críticas da comunidade científica e ampliou suas pesquisas sobre a ressonância mórfica. Teorizou que quando a repetição de qualquer ação dentro de uma espécie atinge a massa crítica, toda esta espécie assimila esse conhecimento em nível atômico e passa a executá-lo inconscientemente, como se fosse seu criador.
É já célebre a história das duas tribos de macacos que se desconheciam, morando em ilhas diferentes e distantes. Um dia, um dos macacos da tribo A quebrou um coco, podendo comer melhor o fruto e beber sua água. Quando o centésimo macaco dessa tribo assimilou o conhecimento e o colocou em prática, os macacos da tribo B, longe dali, passaram a repetir o mesmo gesto. Ou seja, atingiu-se o campo morfogenético. Quanto tempo se passou? Depende do tempo levado para a tribo A atingir seu centésimo membro. Poderíamos usar a mesma explicação para a prática do xamanismo há 40 mil anos atrás?
Infelizmente, a resposta é não. As provas arqueológicas levantadas derrubam essa tese. Aparentemente, o xamanismo passou a ser praticado sob as mesmas crenças em diferentes continentes e de modo concomitante. Além disso, a prática xamânica depende de homens e mulheres dotados de um dom. Então, para que fosse atingida a massa crítica necessária para estabelecer o campo mórfico, teríamos milênios decorridos entre o primeiro saman siberiano e os xamãs das Américas. E tal período de tempo não se deu. Pelo contrário, tudo parece ter sido simultâneo. Então, não é ilusionismo pensar que o xamanismo pode ter sido trazido a este planeta por raças extraterrestres que o praticavam.
Se os Lakota, na lenda da Mulher Búfalo Branco, falam em origem extraplanetária de sua raça, os índios brasileiros Kariris-Xocós, cuja reserva está em Alagoas, têm em suas histórias a mesma origem. Por exemplo, o cacique Kayrrá e seu filho Rayká usam, em seus nomes, a seguinte origem: “Aquele que anda com as estrelas” e “Aquele que veio das estrelas”, respectivamente. A palavra jacitata, em tupi-guarani, significa o planeta Vênus e houve uma tribo, já extinta, que se dizia filha de jacitata.
Paul Davies, em seu livro Are We Alone? Philosophical Implications of the Discovery of Extraterrestrial Life [Estamos Sós? Implicações Filosóficas da Descoberta da Vida Extraterrestre, Basic Books, 1996], disse que “a descoberta de vida fora da Terra poderia transformar não somente nossa ciência, mas também nossas religiões, crenças e visão do mundo. Por isso, a busca por vida extraterrestre é, na verdade, uma busca por nós mesmos. Quem somos e qual nosso lugar na vastidão cósmica”.

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